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Mulheres,

vamos deixar a hipocrisia de lado. Quando você está solteira, você deseja um namorado bancanérrimo, inveja todos os casais que vê pela frente, fica com um monte de caras cheirosos, deliciosos e canalhas (em sua opinião) sai pra lá cá com suas amigas malucas que obviamente de divertem e acaba (depois de quatro doses e mais) com um discurso manjado de como está difícil achar alguém legal para dividir a vida, dividir os medos, o café da manhã, as contas e o tédio de domigo. E o blábláblá não acaba. Nós somos Poderosas, evoluídas, revolucionárias e os pobres coitados são sempre culpados. Vamos descer a lenha, tem que ser muito homem pra ficar com mulher como você, independente, linda, engraçada, com o texto forte, personalidade e corpão. Mentira minha? Tire a culpa da sua bolsa, jogue em cima do rapaz, cara paleozóico, que só quer uma figura dócil para afirmar sua masculinidade, fazer bonito na frente dos outros e poder dispersar as outras lindas e interessante que aparecem (logicamente, depois de beijar e iludir cada uma) com a frase mais usada no mundo "sabe o que é? eu tenho namorada"! "Hã?", você pergunta incrédula. O canalha tem namorada. E você chora pelo babaca, diz que os homens são todos iguais, nunca mais vai se apaixonar de novo (mesmo que tenha um Santo Antônio escondido dentro de casa), se embola com namoro virtuais e não entende porque só atrai gente problemática.
Você se reconheceu em alguma palavra até aqui? Sinto dizer, é a vida. Mas como o mundo dá voltas e um dia é da caça e outro do caçador (oba!), certa hora todo esse material maravilhoso que você é se depara com uma pessoa incrível que te faz acreditar que o amor não é marketing, nem invenção de Shakespeare. É você se sente abençoada, agradeçe aos céus por achar um cara tão sensível e vocês vivem felizes pra sempre. Felizes e apaixonados até constatarem o óbvio: Ninguém é perfeito. Ai meu bem, começa outro discurso. Nem melhor e nem pior, mas diferente. É sente falta das suas amigas e das noites divertidas e vazias que vocês passavam (lógico que não eram vazias, vocês tinham umas ás outras!), sente falta de não ter pra quem ligar e dar explicação de onde você estava e pior: começa a achar graça naquele cara que você nunca achou a menor graça. Mentira minha? Pois é. Solteiros, casados, juntados, a questão não é o estado civil mas a sensação que volta e meia volta: nunca estamos satisfeitos. A vida é feita de escolhas e em cada escolha há uma perda. E perder dói.
Se você se sente plenamente realizado todos os dias com alguém que você convive há muito tempo (namoros a distância e paixões tumultuadas não estão em questão). Parabéns, eu não conheço ninguém igual à você. Porque não é facil ficar sozinha, não é facil viver com alguém, mesmo que seja o grande amor da sua vida. Conviver é uma arte complicada: haja tolerância, paciência e jogo de cintura para aguentar nosso defeitos e os do outro. Viver sozinho também não é mole: haja sabedoria para estar só e se sentir sempre em paz. Mas como nada é perfeito, penso que a única saída é aproveitar cada momento (independente do estado civil que você se encontra) e aceitar a realidade como um presente. Porque perfeito mesmo só imperfeição. Que faz ter sentido até o que não se explica.

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